29 de setembro de 2008


Um coração cansado para amar palpitou duas vezes, não mais, e era já um sinal de vida. Cristina, já pouco hábil para o amor, mas ainda conhecedora daquele bater, duas vezes, como a paridade que todos procuramos, levantou-se e viu-lhe o rosto. Nada mais.
Havia livros, havia regras, que conheceu tão bem, que as escreveria não fossem já terem nascido sedutores semelhantes, mas havia aquele cansaço impregnado que a derrubava, aqueles vícios e teias de que não se conseguia desprender e que a encerravam numa grotesca incompetência para amar.

Demasiado tarde. Saiu como entrou, de mãos vazias, cúmplice com um coração que ironicamente ainda batia no seio do desespero.
(joana salvador)

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