29 de junho de 2008

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Que o vazio entre em cena como força única até a um derradeiro solilóquio. Nada mais.
O resto cumprirá o seu papel e cairá num desespero sem fim.

23 de junho de 2008


Agarrou-te ao sofrer como prova última de que não devemos amar, nem ser amados.
Contou esse desgosto em melodias suadas em notas suas.
Falou de palavras de dor extrema que substituiam o seu próprio nome.
Caiu numa queda bastante singular.
Abandonou-se num isolamento desigual.


A janela abriu-se e a lágrima perdeu-se com tantas outras naquela rua: estranhou o sofrimento . Nem mesmo esse só seu.


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3 de junho de 2008

Guardou palavras


Disse-lhe que preferia o silêncio.
Nada mais poderia ser dito.
Frustado, o vento partiu em busca de novas palavras.
Encontrou-as à sombra de árvores que falavam de ninhos de Primavera,
por debaixo de janelas que exibiam amores que nunca acabam,
em campos de flores que se abriam para um sol que nascia para todos.
Abriu livros,
Rasgou poemas
Fustigou cartas de amor...
Regressou, com a mesma frustação com que partira.
Encontrou as duas bocas, cerradas, sem palavras.
Ao vê-lo chegar e sabendo o que procurava, um papagaio fez troça:
onde nada se diz, fica tudo no pensamento e nada para o vento.


hf
(fátima mendonça)