28 de dezembro de 2005

Quatro Paredes

Meu anjo, surpreendeste-me! Olha, agora!Um quarto é só um quarto. Quatro paredes, nada mais, pintadas ou forradas a um qualquer papel, são quatro paredes. Claro que sempre podes ter uma arquitectura diferente, mas percebeste...
Podem ter ouvido muito, ou até nada, mas a casa é pequena e não esperas que as deixasse imutáveis para ti.
Que esperas? Regressar?! Ninguém regressa. No máximo, uma noite, e só se te pedir muito, ou usar o pretexto de um tempo agreste e do escuro da noite. Terás sempre pressa de partir. Não me iludas. Ainda assim, ninguém te tira a cama.
As tuas coisas? O que é teu já levaste há muito. Tudo arderá pelo tempo. Bem sei que seria mais lento do que uma fogueira, mas viver urge. Acelará o processo, nada mais!
Os teus filhos? Sei lá se os conhecerei... Por certo, serás moderno e não terás nenhum. Ou mesmo que os tenhas ouvirão de ti o que quiseres, não precisarão de objecto para saber o que foste.
Com pena de quatro paredes? Pior ficarei eu, emparedada por rugas abandonada à sombra do teu desprezo. Se o mereço... Nem eu sei.
Conheço o meu fim e tu com pena de quatro paredes...


28 Dez
ICBAS, sala dos comp
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