21 de fevereiro de 2007

| o prego e o mar


estava longe de ser velho. tinha ainda a juventude na fronte. tinha ainda a cabeça cheia de certezas.

da juventude não se libertaria naquela noite. mas estava agora, com certeza, um passo adiante no seu afastamento dos verdes anos.

disse-lhe ela que merecia ele melhor. não conseguiu concordar. mesmo acenar. um aceno teria bastado para quebrar o silêncio que enchia cortante a sala. até os estranhos em volta pareceram concordar com ela. o tirintar da loiça parou em frente no café, tal era o acordo do mundo em geral. ele emagrecia, na sua mudez. ela falava sem brotar som. conversaram durante horas, calado que se mantinha ele, absorto em ruminações tacanhas.
julgava-se pelo que quis fazer, penalizava-se pelo que devia ter tentado, sem nunca abrir a boca. ela cavalgava pelo pântano do injustificável, para nunca admitir o que ele sabia. ele desaparecia de inanição. ela desapareceu do café, só de solidão.

estava cansado de tanto envelhecer. as dores do crescimento quebravam-lhe o corpo, as lágrimas brotaram finalmente de tanta dor. e foi para casa, afundado como prego em maré vaza.

human behaviour

if you ever get close to a human
and human behaviour
be ready to get confused

there’s definitely no logic
to human behaviour
but yet so irresistible

there’s no map
to human behaviour

they’re terribly moody
then all of a sudden turn happy
but, oh, to get involved in the exchange
of human emotions is ever so satisfying

there’s no map
and a compass
wouldn’t help at all

human behaviour
b. gudmundsdottir/n. hooper debut.björk1993

16 de fevereiro de 2007

Novidades












Diz que se esqueceu. Hoje, já não é como ontem. Parece que o relógio fez cair a última folha do velho calendário e agora o vento grita por mudança.


Não se lembra bem, mas era diferente. Engraçado como a distância do tempo pode transformar a memória. Talvez as imagens que reproduz estejam afastadas do real, como naqueles filmes que voltamos a ver anos depois e verificamos a sua falta de brilho.
Talvez não houvesse brilho, mas apetece tanto dizer: que saudade. O despertador dá o pontapé do costume e o hábito desfaz-te no esquecimento.

Prioriridades.

Calendários.

Horários.

Fala-me de ti e dessa tua nova vida.

hf