25 de novembro de 2010

N ão foi uma carta, não foi um bater à porta e voltar, arrependido. Era uma mensagem no telemóvel. Dizia que ele havia voltado. Rita sentiu o coração de novo. Era como se tudo tivesse sido apenas um pesadelo, era o fim imediato da tortura. O amor não havia terminado, e ela podia continuar a amar.
Acordou, para o mesmo pesadelo. Estava só e tinha que continuar a matar aquele amor.
Quando a Rita se apercebeu, estava tudo terminado.
Ainda asssim, quem vive habituada a lutar, luta sempre, mesmo quando reconhece que já não há muito a fazer. Rita, a diva, tornada humilde por um amor, via-se agora rejeitada, enjeitada, humilhada, deixada lá fora num frio cortante. O amor não é sempre igual. Este amor veio de alguém que não podia amar do mesmo modo do que ela. Rita tornou-se a ameaça constante para um ego fraco, que se reveste de narcissismo numa tentativa de ser forte. A inutilidade do combate tornou-se clara.

Amei-te como nem tu mesmo te podes amar: amei-te, a ti, não a essa máscara que criaste para te sentires amado por todos e perfeito. Deixo-te a minha invisibilidade. É a minha última prova de amor.

E partiu. Não com a dramaticidade que o momento desejava. De vez em quando, ainda olhava para trás. A vida é surpreendente, mas a batalha estava mesmo terminada.