29 de dezembro de 2015

prudências

Detesto esta prudência,
que não é minha.

Já não digo que amo
sem refletir,
sem ponderar,
sem equacionar,
sem apurar a durabilidade
e a verdade do meu sentir.

Não fosse essa prudência,
dir-te-ia que te amo hoje. 

Não saberia falar sobre
a verdade
ou o futuro
desse amor.

Falaria do que conheço,
do que ainda é presente
e do que já é passado.

Sei que te amei em horas.
Sei das memórias
que se agitam em mim e
me trazem o teu perfume.

Fosse eu quem um dia fui,
e dir-te-ia tudo isto.  
Seria, por certo,
pouco e inconsequente;
mas ficaria dito
– um registo da verdade.


Mudado que sou,
encerro tudo em mim,
escrevo-o 
e vivo-o
num modo tímido,
e apresso-lhe o fim.