24 de fevereiro de 2009


Fez promessas, dessas quando se vê o fundo como o nosso chão e nada parece poder ser pior. Inocentes, tal como um filme, depressa nos arrependemos dessa certeza. Tudo pode ser sempre ainda pior. 

Rita prometeu o que todos prometem quando caem: não voltar a cair!

As palavras foram fortes, mas elas sabia-as tão inúteis. Como pedir a si própria para não voltar a cair? Acaso caira porque queria? Mas, por que se entregava de um modo extremo a um mundo que era indiferente à paixão de quem vive contra um relógio?
E a boca fugiu-lhe para a outras palavras:  O desespero faz-me caminhar

Não. Não se poderia enganar a si mesma. 
Era ela própria, que se levantava depois de uma queda com a naturalidade de quem não sabe mais fazer senão se levantar depois da derrota. 
Era ela própria, também, que sabia que esta queda tinha sido maior e estava longe de estar de pé.
Era ela própria que sabia que quanto mais baixo, pior era aquela queda.

(paula rego)

9 de fevereiro de 2009


No final de tudo, não precisamos de novas histórias. Não. Contem-nos as mesmas de sempre. Arranjem nomes diferentes, para serem criativos, mas damos o nosso mundo por um beijo no final e uns quantos heróis. 
E moeu naquilo a noite inteira. 
Gonçalo, por seu lado, não parava de criticar o argumento. Enquanto, o outro repetia a mesma verdade. 
Encontrar a verdade tem desta coisas, dá-nos certezas e devolve-nos texto e protagonismo que pensavamos esquecido. Naquela hora, Manuel daria o seu mundo também por um grande palco, onde todos ouvissem que ele conseguia perceber a natureza humana, e lhe dessem o reconhecimento. 
Não precisamos de novas histórias.

(Slumdog millionaire.)