31 de março de 2013

lágrimas II

Desceu,
despreocupada,
a lágrima,
coitada.

Rompeu por um sulco
e encontrou jeito de cair,
redonda,
só,
esmagada
numa pedaço de chão
que enchia o nada.


Os olhos,
que a viram parir,
fixaram-na e
perceberam lamentos
ainda por contar...


Outros olhos,
que não lhe sabiam a dor,
viram o molhado do chão:
Faz chuva em pleno verão?

lágrimas I

Ui!

Uma lágrima que se desprendeu.

Apressem-se!
Apressem-se, mãos
e desfaçam a coitada!
Que ainda não se saiba
do que padeço eu.

Histórias

Sei de histórias lindas,
lindas de morrer.
Li-as,
ouvi-as,
vi-as
e algumas até as escrevi.

Saltam-me ao pensamento,
umas quantas,
mas vêm tão depressa
tão depressa
que a caneta atrapalhada
nem tem tempo
para as prender...
E logo vêm outras
que adormecem as primeiras.


Ah, se tas contasse...
Se tas contasse,
gostava de ouvir um "Ah!"
um "Oh!"
risos!
lágrimas!
e sorrisos, muitos.


Se tas contasse,
seriam nossas e
não apenas minhas.

Mas não tas conto,
nem tas digo antes do tempo.
Não vás tu não ter ouvido
E eu ficar sem alimento.