7 de novembro de 2006

Patético...

(o espantalho, paula rego, 2006)
Ontem, encontrei-te perdido. As voltas, o mundo tem voltas e julguei-as tão lineares quando te apercebi de novo preso entre olhares.
Como pudeste?! Merece bem a indignação. Ainda te custa ver a falha do sorriso, disseste. Admitiria ver esse comentário a um dos meus patetas, mas a ti. Ia dizer para apoio metafórico que me cortou o coração, mas o único corte foi o de eventual fissura de comissura labial ou de umas quantas fibras musculares abdominais, que, por fadiga, se quebraram durante o meu riso. Quis mesmo amparar umas lágrimas, como fazem os que muito se riem, ensaiei o gesto, mas em vão. Há coisas que não consigo fazer, uma delas é desperdiçar liquido lacrimal.
Meu anjo, se alguma coisa te ensinei é a ver o mundo com apenas dois lados: um de cor e outro de não cor, nada mais. Escolhe. Com o resto, sem cor, sabes o que deves fazer.
Podia repetir-te tantas outras palavras, mas não o faço, até porque apenas se repetem as palavras quando são novas ou (nos) tentamos convecer.
Já disse demais.
hf