23 de junho de 2010

Nunca ninguém teria verbalizado a sua dor como ela. Nunca num contexto social daqueles, entenda-se. Talvez na privacidade de um consultório de médico, ou ao melhor amigo numa final de uma noite longa, mas nunca assim. Eram onze horas da manhã e Rita confessava uma dor inesperada, porque não se esperam dores dessas de quem carrega sempre um sorriso na face. Doía-lhe a alma, num aperto cortante do coração. Frustrada. Desapontada. Desesperada. Num mundo alheio a todos os gritos do seu coração.

Não quero que me compreendas, apenas que mudes o mundo.

18 de junho de 2010

Volta e meia, a vida dá-lhe um abanão e ela entende mais um pouco do mundo, apercebe-se de que nada é como se pensa, mesmo quando se pensa que já se sabe tudo. Desilude-se, e fala em nada. Depois, cicatriza e já não é nada, mas quase tudo. Parece não haver alternativa a desapontar-se. Espera muito, mas, nem mesmo espera demais. Devemos esperar tudo de nós mesmos, e dos outros, apenas o que nos poderem dar, remate num coração que se vai fechando.
Falou da morte num segundo, a morte entenda-se, falou durante bem mais de um segundo. Diz que a viu, a morte, num parapeito de uma janela de hotel. "Não lhe tenho medo. É o tranquilo repouso de mim mesma." Assustou todos com esta, mas não mais do que a si mesma.
De todos os modos, morrer saber-lhe-ia a pouco, bem pouco.

11 de junho de 2010


Queimaram-se as incertezas, mas só por hoje.

(Next, Helena Gullstrom, Los Angeles, Artwalk, June 2010.)