3 de junho de 2008

Guardou palavras


Disse-lhe que preferia o silêncio.
Nada mais poderia ser dito.
Frustado, o vento partiu em busca de novas palavras.
Encontrou-as à sombra de árvores que falavam de ninhos de Primavera,
por debaixo de janelas que exibiam amores que nunca acabam,
em campos de flores que se abriam para um sol que nascia para todos.
Abriu livros,
Rasgou poemas
Fustigou cartas de amor...
Regressou, com a mesma frustação com que partira.
Encontrou as duas bocas, cerradas, sem palavras.
Ao vê-lo chegar e sabendo o que procurava, um papagaio fez troça:
onde nada se diz, fica tudo no pensamento e nada para o vento.


hf
(fátima mendonça)

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