24 de abril de 2009


Havia uma canção, dessas que fica por um tempo no ouvido a lembrar como nos podemos prender facilmente à novidade. 
Havia um casal, desses que atrevidamente exibe uma felicidade pornográfica de quem encontrou a paridade e a esfrega agora nos olhos de todos.
Havia gente, muita, vestida  como que por um mecanismo cego de atribuição de roupa a uma multidão, sem critério, talvez com a excepção do conforto.

Do seio daquele grupo, brotavam os sorrisos mais assustadores, seguranças que se recusavam a admitir a existência de gente infeliz ou de mal com a vida, ninguém nos há-de perturbar a nossa pacata felicidade, a cada gesto, a mesma mensagem, em jeito de protesto de quem se encontrou e se recusa a ver abalada a sua estabilidade. 

Rita, atenta, entrou, como saiu, sem uma palavra, com a promessa de tentar esquecer aquela realidade. 

(Louise Bourgeois, Nest)

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