7 de junho de 2007

Maria,



Ainda se lembra, Maria? Faça o esforço e veja-me menina e moça, como a que saiu da casa de seus pais. Recorde-me num vestido azul de cetim do mais caro da venda. Não!, nunca usaria chita, Maria! Talvez a criada! Pronto, mas com certeza uma chita fina, a mais cara do Senhor Luís.
Abandone esses pormenores e fixe-se no meu sorriso, ao som do canto melodioso do que já ninguém sabe de cor...
Maria, olhe-me nos olhos e veja como não sei mentir. Ouça o que digo e responda-me à altura. Embale-me no seu regaço. Pregue-me um beijo e veja a alegria da mão que a puxará, para lhe dar a brancura de uma flor.

"Acordar é que eu não queria... "

hf

(Paula Rego: a aliança dos ratos)

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