27 de maio de 2009


A noite cansara-se daquele choro e os casais riam-se das rugas fáceis de quem se rezinga com a vida, e o relógio? O relógio, esse, olhava todos com a indiferença de quem se acostumou a ver passar o tempo, ver nascer, crescer e morrer vontades que se juraram eternas. O choro não lhe perturbava o seu ritmo, e era com o mesmo desprezo que ouvia os risos e via as rugas dos contrariados. 
Nada, ainda assim, conseguia tingir aqueles gestos de inutilidade. Saiam com a força de quem sabe que nasce por uma razão, e não recuavam ante a racionalidade dos que os rodeavam. 

(James Ensor)

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