25 de abril de 2007



Quando chegaste, encontraste-me morto. Morto, como o tal gato da curiosidade. Curioso, foi não teres feito o esforço de verter um pouco de hipocrisia e imitares os tristes com a perda.
Olhei-te e percebi-te num relógio de dois ponteiros certos, desconfiei que naquele momento não disporias de tempo para mais um acontecimento. Quis ainda espreitar a tua agenda e conhecer a data do registo da minha morte, mas já havias batido a porta.
Não querendo deixar-me ao abandono da dúvida, quis perseguir-te pela cidade e gritar-te em voz alta que eu tinha morrido e que o luto devia ser feito, por uma questão de sossego da alma, mas há qualquer coisa na morte, em que o corpo já não obedece a um desaire mental daqueles.

Deixei-me ficar em paz… até à minha morte.



hf

2 comentários:

Anônimo disse...

pouco extenso mas terrivelmente perturbador! gostei muito! (qualquer dia ainda me atrevo e ponho cá um dos meus gatafunhos mais mórbidos)

Anônimo disse...

qualquer dia pode ser quando quiseres!
abraço
hf