
25 de maio de 2008
choveu tanto naquele dia

11 de maio de 2008
tem de se errar

Errou porque assim teve de ser. O relógio não parou para que ela tivesse o tempo para se debruçar sobre o problema, analisá-lo com atenção e cuidado, ensaiar decisões e talvez só depois agir. Não. Rita não teve esse cuidados, tivera muitos outros, mas o imperativo da acção soou alto e fez.
Agora, vive o erro, conhece-o a forma e o conteúdo circulares, mas nenhum destes é estático e inabalável pelas horas ou pelas dias. Sabe que continuará, depressa tudo tomará outras formas, também estas susceptíveis ao tempo e ao andar das coisas...
hf
paula rego: o vómito
7 de maio de 2008
ter a razão

27 de abril de 2008

17 de abril de 2008

hf
miguel telles da gama
28 de março de 2008
olhos cansados viram uma alma triste

Disse que, nessas alturas, sente todas as palavras lhe soam vazias e que não confiava na sua própria voz.
Falou de amores, de penas, de cruzes, de um coração que sofre, disse-me que amava, pediu um abraço, encostou-se e chorou.
Limpou as lágrimas e saiu-se com esta: nem mesmo sei se estas lágrimas são sinceras.
Amanhã, descansarei este corpo e recuperarei os olhos de sempre...
27 de março de 2008

hf
25 de março de 2008
riso das voltas que a pipa dava

Se dores tinha, daquelas no abdómen por tanto se rir, não parecia, por cada vez se tornava mais poderoso o estridor daquele riso.
Se havia um momento em que se pensava que ia cessar, o engano era imediatamente revelado quando se soltava num daqueles paroxismos nada contagiantes. Repetia a mesma frase, recontrui-a em inúmeros arranjos, trauteava-a como se de canção se tratasse, empenhava notas como se fosse música, mas logo explodia o riso.
Ria alto, tão alto, talvez não o suficiente para preencher o vazio do momento.
18 de março de 2008
Conta-me uma daquelas histórias que te faz sonhar.

hf
(fátima mendonça, sem título)
17 de março de 2008

15 de março de 2008

8 de março de 2008

6 de março de 2008
Ruguites

10 de fevereiro de 2008

1 de fevereiro de 2008
E depois veio o perder...

hf
(júlio pomar: gato e o violino)
23 de janeiro de 2008
De volta à roda do mundo, ainda saberás rodar?
.jpg)
Patrícia auscultou-lhe um coração partido. Partido, Paula sorriu, do jeito que se faz quando nos dizem o óbvio. Nem um suspiro, nem um comentário, apenas um sorriso talvez também por ver-lhe reconhecida aquele lacinante aperto que a incomodava há muito. Sim, eu sei. Nada mais e já fui muito, talvez demais. Patrícia, essa armazenou o caso, mais um que se parte. Acontece. Fragilidades de um ser. Mas há coisas piores, pois então. Repouso, muito repouso. E as melhoras. Obrigada. Obrigada por quê? Por nada, mas saiu-lhe por educação. A dor era sua e teria aprender a viver com ela. Tudo passa... rematou a ciência ante um coração partido.
2 de janeiro de 2008

Encontrei uma palavra a tentar cair do dicionário. A dúvida infiltrou-se-me por percursos já conhecidos. Talvez o primeiro ímpeto tenha sido o de a forçar a voltar, talvez fosse o segundo. Sei que foram tantas as voltas que perdi a noção de qual o primeiro movimento. Porventura poderia ser importante, fazer a memória ter um esforço, não vá esta ordem de aparecimento estar relacionada com a sua relevância. Não sei se o Guilherme já o sentiu, mas é tão terrível como descobrir que os dias se sucedem sem reflectirem a nossa vontade; e esta comparação é válida, não se apresse a dizer-me que a primeira depende do movimento da nossa vontade. Se o fizer, então nunca o viveu. Descobri que a palavra caiu numa cadeia de acontecimentos inexorável! Até me passou pela cabeça memorizá-la para a voltar a escrever, quando as correntes se acalmassem, mas não! Não e não! Nem me lembro da palavra, sei que o dicionário já não a tem, como qualquer dia perderá outras, e até verá novas serem-lhe escritas.
É terrível, terrível, meu caro perceber que muito passa sem o nosso controlo, mesmo o que a priori pareceria resultado de um esforço volitivo. Terrível também o desespero de não lhe percebermos o rumo.
hf
(fotografia: Chema Madoz)
6 de dezembro de 2007
como se conta a história?

3 de dezembro de 2007
quando o coração ficou pequeno
.jpg)
24 de novembro de 2007

(Paula Rego, a dar de comer)
1 de novembro de 2007

24 de outubro de 2007
escrita automática...
SF
10 de outubro de 2007

2 de outubro de 2007

Ana hoje aparece envolvida numa questão maior. Há unanimidade e todos o afirmam. O Paulo, esse, permanece no seu mundo, mas a Filipa garantiu que lhe viu o agitar cefálico de aprovação. O caso não é para menos, a Teresa desta vez foi demais... como das outras vezes, de tantas outras vezes, mas hoje parece que todos ou quase todos acordaram com os olhos postos no atrevimento daquela personagem. As palavras foram claras e cairiam, bem afiadas em qualquer pessoa que vestisse essa pele, mas não na Teresa. Esta ainda embelezou o espectáculo e verteu lágrimas. Saem-lhe tão facilmente e, ainda assim, têm algum valor, pelo menos para Paulo. Ficou a remoer aquele acenar. Teria sido muito cruel? Patético, como ele só. Ana percebeu-lhe a antecipada hesitação, como a fenda que iniciou a quebra do momento. Filipa iniciou logo de seguida o vacilar. Era o fim, o coração apertou-lhe bem no peito, a testemunhar a sua existência, e Ana preparou-se para adiantar um se calhar cada um é como é.
hf
(Paula Rego)
30 de setembro de 2007

hf
(ft: Sem título, Chema Madoz)
16 de setembro de 2007

rosas. mais uma vez rosas, penso nas rosas
rosa, cravo, já foi, penso em ontem
ontem, estavas cá e o meu coração prendeu-se ao teu
o teu amor não é maior do que o meu: é na medida certa
língua solta, que sabes tu sobre a medida do amor, quero que caias já
e a língua caiu por que o desejo faz-se ordem no teu pensamento
brinco hoje para ocupar o espaço vazio
hf
(fátima mendonça
sem título)
12 de setembro de 2007

Noutro dia, deu consigo a remoer a ideia de que foi numa noite de Abril, em que adormeceu a chamar por quem lhe limpasse a lágrima.
hf
11 de agosto de 2007
Às vezes, quando o escuro da noite cala o impossível, ensaio o gesto num som calado, porque conheço bem as paredes que te separam de mim.
Sei tão bem as letras que ultrapassam o alfabeto e, às vezes, percebo-as a borbulharem na minha boca. Imagino as permutações, os arranjos e as combinações necessárias para que cada letra se toque e todas elas se fundam, dando-lhe voz.
Talvez possa dizer todas as outras palavras e esta se veja obrigada a fazer-se ouvir. Ou, sei lá, se os deuses andarem por perto, sabes já tu de cor tudo o que quero dizer...
hf
6 de agosto de 2007
outras mãos

Uma mão lava a outra, as duas lavam a cara. E a alma? Quantas mãos me lavam a alma?

Se perdesses os dedos das tuas mãos, conhecê-los-ias para as recontruires?
hf
26 de julho de 2007
mãos
s.f.
24 de junho de 2007
poemas ébrios V
pelo seu aspecto tosco
de granito cinzentão...
achou-se sem graça nem nexo
no mundo... achou-se fosco
e deixou morrer a razão...
resta-lhe a sensação!
autómato com o reflexo
de perseguir própria extinção...
deixa-se então pelo chão...
s.f.
17 de junho de 2007
poemas ébrios IV
num excesso de âmago demente,
e duma fúria de não ser outra gente,
sem o cinzento do sangue que me flui
da vontade de ser diferente.
e o coração teima e não anui,
embora pareça condescendente
com a lógica dada pela mente.
cansa-se, e no sentinte que possui
deixa-se doído, decadente.
s.f.
16 de junho de 2007
psudofilosofias agressivas da "treta"
Coloque-se uma praga na procura do certo! Deixai prevalecer a derrota! Que tudo desista, e depois morra... e certo tudo se tornará doravante...
s.f.
7 de junho de 2007
Maria,
Ainda se lembra, Maria? Faça o esforço e veja-me menina e moça, como a que saiu da casa de seus pais. Recorde-me num vestido azul de cetim do mais caro da venda. Não!, nunca usaria chita, Maria! Talvez a criada! Pronto, mas com certeza uma chita fina, a mais cara do Senhor Luís.
Abandone esses pormenores e fixe-se no meu sorriso, ao som do canto melodioso do que já ninguém sabe de cor...
Maria, olhe-me nos olhos e veja como não sei mentir. Ouça o que digo e responda-me à altura. Embale-me no seu regaço. Pregue-me um beijo e veja a alegria da mão que a puxará, para lhe dar a brancura de uma flor.
"Acordar é que eu não queria... "
hf
(Paula Rego: a aliança dos ratos)
26 de maio de 2007
poemas ébrios III
do meu corpo sem se ser.
turpor estúpido, estúpida calma,
estúpido eu, sempre a morrer.
leio os olhos pela palma
num copo que sobe sem descer,
sem perceber que se me espalma
o que devia perceber...
s.f.
24 de maio de 2007
1985 (after Orwell's 1984)
Saiu do seu quarto cinzento, entrou no quarto-de-banho cinzento, tomou um banho de água cinzenta, vestiu-se de cinzento, escovou o cabelo e os dentes, ambos cinzentos, e saiu...para o mundo exterior, também ele cinzento. O solapsismo infiltrava-se-lhe sob a forma de ausência de cores, dado inexplicavelmente elas lhe trazerem alguma emoção. Numa repressão lógica da mesma, ia sobrevivendo todos os dias, sem viver. Era ditador de si próprio, e só a pesada embriaguez a que se sujeitou de noite o fez perceber de tal situação...
Quando no dia seguinte acordou, tal reflexão estava extinta, e tudo recomeçou como no dia anterior.
s.f.
13 de maio de 2007
poemas ébrios II
Tanta luz!
Nebulina que se me herda
Arrasta o corpo que me conduz,
Mata a garrafa que me seduz!
Ah!Parte-a!
Estilhaça-a!
Derrama o liquido sobrante
Sobre a culpa asfixiante!
Mata a ressaca em que me pus!
Ah!Morra!
Erro de merda!
Não me tenho mais pachorra!
Atinjo-me sempre d'alma lerda!
Caralho p'ra isto! Porra!
s.f.
11 de maio de 2007
Estranho. Estranho foi ter respondido. Esperava uma simples repetição da cortesia e obtive mais; possivelmente pela novidade da resposta, deixei um sorriso. Um simples esforço muscular, que tentava dissipar o peso daquela afirmação e me alhear de uma resposta à altura.
Ironia. Ironia foi dizer ele aquilo que só eu sinto.
hf
5 de maio de 2007
poemas ébrios I
insónia de gente
que sente saudade
de alma diferente.
sem jovialidade,
em morte aparente.
controlo a vontade
de amor ardente,
e vivo a saudade...
não sei ir em frente,
e com pouca idade
cresço decrescente.
e morro diferente...
morro de saudade
por amor ardente...
s.f.
1 de maio de 2007
para os que se julgam sozinhos no mundo
um grande obrigado também a hf, pelo estímulo dado.
para os que se julgam sozinhos no mundo:
"Eu não sou eu, somos nós. Existe em mim uma ausência de unidade, como que se várias personagens habitassem o meu corpo e lutassem entre elas pelo protagonismo de se manifestarem como aquele que deveria ser eu. Algumas já existiam de raiz, outras foram aparecendo por força de ocorrências que massacraram a minha estabilidade relativa.
Dizer que sou por natureza simpático e rancoroso é um erro que me imponho a mim próprio. Nunca sou os dois ao mesmo tempo. Vivo-me em situações diferentes, com atitudes diferentes, porque somos diferentes! Nós, a pluralidade na singularidade da personagem que os outros vêem.
A tristeza é, portanto, possivelmente o único sentimento de união que possuo. Sou triste porque o pretendo, ou porque me vejo pretendê-lo. Sou triste porque sim, porque me sinto eu sendo triste, porque assim sou uno, porque sei que sou eu, verdadeiramente.
Procuro o sucesso, mas empurro-me para a queda…apenas porque tenho medo de mudar. E entristeço-me ao saber que desiludo quem me rodeia, por ser sempre alguém que não devo. Por fazer conhecer a quem me ligo a minha natureza poluída e, infelizmente, contagiosa, afectando negativamente quem amo. E isso é imperdoável.
Consequentemente, as culpas vão-se acumulando com a repetição sistemática do erro de procurar a tristeza. E começo a deixar de me suportar ou tolerar.
Talvez para me entristecer…talvez porque sou má pessoa…"
(15/6/2005) s.f.
30 de abril de 2007
mais uma história de coisas
s.f.
25 de abril de 2007

23 de abril de 2007
chapéu cinzento
Sendo assim, deixa-se estar, num turpor mórbido que não imita a morte, mas que no fundo a é. Não há mais chapéu cinzento para ninguém...
sergio f.
17 de abril de 2007
cefaleias
«Agradeço o milagre farmacológico e numa névoa de cores difusas acabo por tragar aquilo de uma só vez com café. Arre! Ainda sabe pior que com água!
Depois espero. Em princípio as preocupações que suscitaram esta cefaleia não desaparecerão assim por artes do mago, mas talvez haja alguma esperança para esta dor difusa que, diga-se de boa verdade, é irritante com’ó caralho (este vernáculo deveria ser também considerado sintoma da patologia – imagine-se qualquer coisa como “o paciente descreverá uma dor referida à extremidade cefálica, com o uso da expressão “irritante com’ó caralho!””).
Ah! E vou ficando mais lúcido, mas as preocupações não desaparecem, o que me faz pensar: até que ponto não seria melhor ter suportado aquela merda de dor física a isto? Existirá alguma coisa masoquista em mim que me faça procurar constantemente remorsos?» - perguntou o revolver, enquanto arrefecia depois do disparo.
«Não sei! Mas pelos vistos mataste-me, imbecil!»
Sérgio F.
9 de abril de 2007
(estava muito bebedo quando escrevi isto)
Sérgio F.
22 de março de 2007
Hoje vi-te num espelho meu...

Vi-me e vi-te e se o abraço fosse espontâneo, agora senti-lo-ias bem forte; e se a lágrima ainda caísse, seca-la-ias; mas se o gesto calasse a tua solidão por um instante, o curto espaço de tempo que até te dares conta da inutilidade (do gesto); não calaria o meu grito, esse que sai já calado e se sabe eterno.
Talvez tu, ainda aconselhado pelo desespero, acredites em gestos mágicos, em ilusões salvadoras, em respostas perfeitas, mas só a ingenuidade te pode fazer crer que seja eu. A ingenuidade… que vais sufocar com o marcar das rugas e que vai persistir muda, roendo em dor latente e solitária, presa a um corpo que aprenderá mais velozmente do que o coração.
Como conheço bem os teus trilhos! E como desejaria que fossem diferentes dos meus… É possível que o sejam e até isso dói, mas o teu presente está tão próximo do que quero que seja passado.
hf
(imagem: Isabelle Faria, auto-retrato, 2003)
21 de fevereiro de 2007
| o prego e o mar
da juventude não se libertaria naquela noite. mas estava agora, com certeza, um passo adiante no seu afastamento dos verdes anos.
disse-lhe ela que merecia ele melhor. não conseguiu concordar. mesmo acenar. um aceno teria bastado para quebrar o silêncio que enchia cortante a sala. até os estranhos em volta pareceram concordar com ela. o tirintar da loiça parou em frente no café, tal era o acordo do mundo em geral. ele emagrecia, na sua mudez. ela falava sem brotar som. conversaram durante horas, calado que se mantinha ele, absorto em ruminações tacanhas.
julgava-se pelo que quis fazer, penalizava-se pelo que devia ter tentado, sem nunca abrir a boca. ela cavalgava pelo pântano do injustificável, para nunca admitir o que ele sabia. ele desaparecia de inanição. ela desapareceu do café, só de solidão.
estava cansado de tanto envelhecer. as dores do crescimento quebravam-lhe o corpo, as lágrimas brotaram finalmente de tanta dor. e foi para casa, afundado como prego em maré vaza.
human behaviour
and human behaviour
be ready to get confused
there’s definitely no logic
to human behaviour
but yet so irresistible
there’s no map
to human behaviour
they’re terribly moody
then all of a sudden turn happy
but, oh, to get involved in the exchange
of human emotions is ever so satisfying
there’s no map
and a compass
wouldn’t help at all
human behaviour
b. gudmundsdottir/n. hooper debut.björk1993
16 de fevereiro de 2007
Novidades

Diz que se esqueceu. Hoje, já não é como ontem. Parece que o relógio fez cair a última folha do velho calendário e agora o vento grita por mudança.
Não se lembra bem, mas era diferente. Engraçado como a distância do tempo pode transformar a memória. Talvez as imagens que reproduz estejam afastadas do real, como naqueles filmes que voltamos a ver anos depois e verificamos a sua falta de brilho.
Talvez não houvesse brilho, mas apetece tanto dizer: que saudade. O despertador dá o pontapé do costume e o hábito desfaz-te no esquecimento.
Prioriridades.
Calendários.
Horários.
Fala-me de ti e dessa tua nova vida.
hf
7 de novembro de 2006
Patético...

14 de setembro de 2006
Crescer capitalista, num poema pobre e pretencioso
Não pensa nisso, dói-lhe.
Produz e compra, vive assim.
Sabe que não se merece, mas
Puta que pariu se isso interessa.
Ninguém merece!
Ganha e gasta
e Ganha e gasta
e Ganha e gasta...
e Sabe que quando morrer, o caixão será de carvalho,
Forrado a veludo e cetim
Com o melhor fato vestido...
e, Estranhamente, pensa-se feliz assim.
Sérgio Figueiredo
7 de setembro de 2006
Vícios do Coração

Ouvi dizer que hoje era o dia. Vesti-me em pura obediência ao espelho. Ditou-me que vestisse o que só uso por vezes, mas que até eu sei que me cai bem. Saí à rua com o pé direito, que molhei imediatamente por estar a chover. João, empresta-me o guarda-chuva! Molhei-me todo o caminho, João já não está. Ainda o chamo. São hábitos que se criam e insistem em ficar. Desconfio que é um vício do coração. Às vezes, conto-lhe deste meu hábito. O telefone não transparece a cara, mas sei que não gosta. Ainda assim, viciada que sou, conto-lhe e logo lhe peço desculpa por o fazer, o que o irrita mais. Mudemos de assunto e tu estás bem? Desde que saiu de casa, nada mais falamos do que trivialidades. Não sei se algum dia, os assuntos foram outros, mas os de hoje, sinto-os vazios. Assim, como a casa, o quarto, os brinquedos, os livros, tudo que ele deixou e já nem o sabe procurar.
Patética, sim, sou. Nunca pensei usar das habilidades mentais que reconheço a quem chamava de velhos. Agora, sou eu a velha, que deixei de viver e agarrei-me a um filho, que já não é meu.
Sim, eu sei tudo, mas o coração tem vícios.
hf
(Visitação, Graça Morais)
Nasceu
Nasceu, conheceu a mãe e afeiçoou-se a ela. Foi conhecendo o pai, e afeiçoou-se gradualmente, bem como aos irmãos.
Cresceu...
Começou a reparar nas outras pessoas, e afeiçoou-se a elas. Fez amigos dessas pessoas e foi ganhando a afeição deles. Entrou na escola e afeiçoou-se pelo conhecimento. Fez desporto e afeiçoou-se pelo corpo.
Cresceu...Comprou coisas, às quais se afeiçoou, e sentiu-se nelas.
Cresceu...Teve amores pelos quais se afeiçoou e desprendeu, afeiçoando-se à liberdade de não estar preso a ninguém...
Cresceu...
Saiu de casa e entrou na faculdade, e afeiçoou-se à liberdade e responsabilidade.
Cresceu.....
....
foi-lhe tirado o gozo da vida....
....
suicidou-se...
Morreu...
(a dor não faz crescer)
Sérgio Figueiredo
(ok, o texto é algo drástico - se ignonarmos quão pobre é a escrita e eventuais erros ortográficos ou gramaticais - acaba por ser bastante honesto, embora não represente o eu que sou - só para não existirem alarmismos)
28 de julho de 2006
Conversas de Jardim
Luís Fernando
29 de maio de 2006
diz que tem medo
Medo!
Quando o ouvi pela primeira vez, ainda lhe dei alguma razão. Enfim, pensei, é um pateta! Mas até os patetas merecem sentir o conforto de um 'tens razão'.
Mais tarde, ou até nessa tal primeira vez, acrescentei alguma coisa sobre a irracionalidade daquele receio. Ego por ego, que não fique também o meu ferido: se penso, digo, de um modo ou de outro.
Hoje, aparece com a mesma conversa. Tem medo. Tem medo e porque tem medo. E quando não o diz, deve ser porque aqueles olhos enfezados o antecipam e substituem na voz.
Não tenho paciência para pessoas assim. Medo? Onde já se viu? Pronto... deixe-mo-lo! Apaga a luz, porque quero dormir. Há cada um. Só a mim...
hf
15 de março de 2006
Carta aberta a um jovem, enquanto puto
Constou-me há pouco que Vossa Excelência não tem ideais... Que anda ocupado com afazeres mundanos, que, desde tenra idade, o ocupam sobremodo. Deixou de os ter quando, numa esquina mal frequentada, se perdeu de amores por uma adolescência tardia, que o inundou até tarde na década dos vinte... Tenho pena...
A vida corre-lhe de feição, sem ralações, ocupado que está a gozar as conquistas de outros. Nada o preocupa, não pensa no mundo, gravita sem anseios... "Sociedade" é palavra desconhecida, derivada talvez do "social", que anda a par das festas bem frequentadas. "Pobreza" vem de "pobre", que são os habitantes de um país de terceiro mundo (cujo nome te esforças por recordar), longuínquo demais para abafar o cheiro do perfume da moda... "Reflexão" vem do "reflectir", fenómeno indispensável no mirar do espelho, religioso ritual saturnino...
Tenho pena que o menino jovem só cresça quando convém, que resolva militantemente que os ideais são bafientos e decrépitos, que não ouça quando a Democracia Representativa chame... Tenho pena que fique em casa em dias de eleições.
As quimeras de outros carregam nos ombros o mundo de hoje. O teu mundo, menino jovem, está cheio de interrogações não pensadas. Os ideais são plena aspiração do espírito... O que dizer de ti? O tua sociedade (vá lá, procura que hás-de encontrar significado) vai oca... vazia que está de perfeição idealizada, preocupado que andas com aspirar por nada...
Cordialmente
S.Maria
14 de março de 2006
Momentos

Cai a noite devagarinho.
Joana chora e o pai sozinho.
O que vêm os olhos da minha vida?
Por onde caminha o que perdi?

O globo que nos separa tornou-te pesado no meu coração. Ainda desenho as rotinas dos teus penares, mas já não as sinto. Adivinho o teu pensamento e quero esquecer que pensas em mim.
Parti e vejo-me morrer.

Ou talvez não… Talvez conheças páginas de um livro que nunca li e já saibas tudo. Saibas que não há perder, mas sim deixar o sol seguir-se à lua. Talvez conheças como se calam as lágrimas da saudade. Oh! Tomara!
Quebrou-se. Não voltará.
Percebi bem quando o metro deixou te deixou de alcançar.
helder filipe
Brisa
No ar sente-se um cheiro constante. Deixa-nos envolvidos sem nos prender. Ouve-se um embalar lento, ritmado, constante. O céu azul ponteado por pequenos farrapos de nuvens... E continua -se a ouvir o ritmo agora associado a uma brisa perene, omnipresente que nos afaga como uma mãe embala o filho. Ali no cimo da praia está um homem como tantos outros. Só, acompanhado, perdido achando-se...
Escreve lentamente, ao ritmo que o mar dá na sua cadência, afagado ainda pelo roar lento quase inaudível da omnipresença.
Levanta o seu olhar. No céu estão várias gaivotas rodopiando sobre si, nos seu contínuo afazer ditado pela sua natureza. Ao longe um casal namora, talvez influenciado pela perenidade que a brisa conduz ele agora revela a realidade do seu amor, e o homem que escreve volta novamente a sua atenção às suas folhas e ao seu lápis. A alguns metros dali, num carro está só, outro homem. Tem o olhar fechado, nos olhos verdes a profundidade mariana e pacífica de uma vida sofrida. A escrita prossegue... O papagaio caiu, a criança que praticava as façanhas drumondianas grita de desconsolo, o seu pai com toda a perenedidade e o ritmo que a idade lhe confere, volta a pôr no ar a frágil aeronave e acalma o filho... No papel ganha forma algo:
Um fim
que se procura,
um desejo
que se alimenta
num ser
que ainda não é
Um caminho
que se alarga
um peregrinar
que não se esgota
num descobrir
que cada dia tens uma nova face
O homem escreve. No papel azul estão apenas algumas palavras, que na sua simplicidade mudarão o rumo de uma vida. No ar propagado pelas ondas de ar feito as estações climáticas vivaldianas escorrem a chuva invernal.
Outro homem leu as palavras escritas. Nele o resultado foi imediato, como as primeiras enxurradas de Inverno, o seu mundo acabou com o diagnóstico ali sentenciado... Tudo aquilo que gostava de fazer acabará. Amavelmente pediu para fechar a janela devido à brisa.
O homem está agora num restaurante. O ruído desorganizado, de várias dezenas de clientes a discursarem sobre tudo, envolve-o: as aulas correm bem, ontem tive uma reunião com o chefe, amo-te, a 'vó 'tá pior, 'tou sim o papel que tens que trazer é o azul, para mim pode ser frango estufado, podia-me trazer a conta faz favor. Mas a sua atenção está apenas focada naquela mulher que está à sua frente, tal como ela noutros tempos tinha estado em reciprocidade na praia. Agora ela diz-lhe que é o fim, as coisas já não são iguais, a novidade terminou. Tudo é mais simples se acabassem... O mundo desaba novamente como o caminhar já não fizesse sentido...
Escrevo rápido nervosamente já por várias vezes alterei o que primeiro tinha escrito risco uma e outra vez. Paro releio reescrevo tiro as meias palavras ponho outras preparo o instrumento que me levará ao mais baixo patamar dantesco ligo o aparelho de música. É tudo frenético impensado inimaginado desligado da realidade que até aqui vivi. Ponho a rodar a sétima sinfonia escrita pelo bonense. A música arranca. Chega ao segundo andamento. A cadência começa lentamente, lentamente, piano depois cresce lentamente, torna-se mais forte, toda a orquestra se vê envolvida depois da estafeta entre cordas e sopros, todo o ambiente está imersa, a sua cabeça ausenta-se momentaneamente subiu patamares, quando regressa ao seu mundo o tema inicial já saiu e já voltou com nova face. A sua também está diferente, os olhos estão marianamente pacíficos. As coisas passam-se mais rápido sacadicamente move a sua mão acerta pega no revólver encosta-o à sua fronte encolhe o indicador direito o segundo andamento terminou o corpo caiu sobre o papel nervosamente escrito cujo peso era suportado por um outro, azul. O terceiro andamento começa. Ali, já só o ramo de gardénias brancas se move ainda impulsionada pela brisa perene e omnipresente que recebe nos seus braços a nova realidade.
Foi um fim.
Um fim de dia. Ali no quarto, desfolha o jornal, as notícias quase sempre trágicas que alimentam esse estômago cerebral sedento das desgraças alheias, a novela dos amores e desamores que como começam acabam, as novas descobertas científicas que remudam as mudanças de destino que o anterior desconhecimento impunha, o concurso de fotos ganho por uma estranha imagem de uma praia semideserta com um casal, um pai e seu filho, um velho sentado e um carro próximo dele.
Parou para pensar, em como a vida muda tão rápido, como o interior pode ser alterado num constante crescer assente no passado olhando o futuro, parou a brisa fez entrar pela janela uma folha azul gasta pelo tempo. Levantou-se, pegou nela e leu:
Um fim
desejado
Alimentado em si
no seu ser.
Num caminho
complexo,
feito em parceria,
com um vento perene e omnipresente.
Luís Fernando
CARTA
Pai,
Como já deves ter percebido escrevo de Valparaíso. É verdade, já cheguei ao Chile!! A última vez que escrevi estava em Fortaleza, desde então muito aconteceu…
Para cá chegar, viajei por terra e por mar, aproveitei boleias de camionistas, apanhei longas carreiras de autocarros e andei um pouquito a pé (para aí uns 500 km). Mas está a valer a pena. O Mundo é um poço de aventuras, um livro de conhecimentos, um filme de culturas diferentes, tudo reunido num grande teatro, que é esta vida em que nos encontramos.
A verdade, é que para poupar algum dinheiro aproveitei para atravessar o Brasil à custa de boleias, ou a pé. Com isso, poupei uma “pipa de massa” ao mesmo tempo, que pude viajar com maior segurança porque a inconstância dos banhos, e a facilidade com que se adquire o sotaque brasileiro permitiu-me passar diversas vezes apenas por mais um sem terra a caminho da grande cidade… Por outro lado, esse mesmo aspecto dificultou-me sempre a vida quando cheguei às cidades e tinha de procurar um lugar mais limpinho para pernoitar. Nada que não se resolvesse com recurso com uns reiais à vista… Assim, conheci Manaus, parte da Amazónia, o Amazonas (de facto uma das paragens foi no meio de um acampamento índio), Brasília, São Paulo, Rio, Porto Alegre, Foz do Iguaçu, até chegar à Argentina.
Aqui a falta de dinheiro aguçou o espírito e arranjei uns trabalhitos. Em Buenos Aires, trabalhei na ópera a vender bilhetes e a encaminhar os melómanos para os seus respectivos lugares ao mesmo tempo a que assisti a várias representações desde a Flauta do Mozart, ao Holandês do Wagner ou o Barbeiro do Rossini. Pelo meio aproveitava os dias para limpar as latrinas de um clube de tango onde diz o dono à boca cheia (o que eu duvido seriamente) o Piazzolla começou a carreira.
Após angariar alguns trocos, visitei o outro lado do Rio da Prata: Montevideu.
Aí parei um pouco. Seguindo o teu conselho de viver cada dia como se fosse o último e cada segundo como se fosse o primeiro, perdi-me. Acho que por momentos pensei ter encontrado o meu grande amor. Infelizmente foi apenas mais uma paixão (que enquanto durou foi realmente bom) e depois de um mês sentindo-me como tudo aquilo que limpei no clube de Buenos Aires, deixei o Uruguai. As mulheres sul americanas, têm aquilo que não dá para descrever, é a maneira como falam, andam, sorriem, olham, eu sei lá...
Tudo é diferente neste mundo, a miséria é enorme e ao lado de uma favela cresce um condomínio fechado com segurança à porta. Mas, mesmo com toda esta pobreza é impossível não reparar a alegria com que se empenham no dia-a-dia, e a forma alegre como olham para o muito que já possuem.
Segui depois em autocarro pelas Pampas, atravessei os Andes. Aproveitei para fazer algum turismo de montanha e subi até meio do Aconcágua, ou melhor até onde o mal da montanha deixou…
Depois dessa aventura cheguei a Valparaíso e agora é tempo de gozar a praia no oceano Pacífico e começar a adaptar-me às águas deste oceano.
Este é o momento para agradecer à mãe tudo o que me ensinou em relação a estar na cozinha e a tirar o melhor partido dela. Graças a isso, arranjei um trabalho como ajudante de cozinha num cargueiro que vai partir amanhã. Finalmente vou quase chegar ao Pólo Sul (primeira paragem em Tierra del Fuego), acho que vai dar para sentir o frio… Depois seguiremos em direcção a Wellington na Nova Zelândia onde deixarei o navio. Pelo meio paragens nas Galápagos, ilha da Páscoa e Tahiti. Belo cruzeiro…
Antes de terminar quero dizer que as saudades cercam-me todos os dias. A solidão é sempre uma constante embora envolvido por tanta gente e com tantos contactos já estabelecidos (já comprei outra agenda para guardar as moradas, telefones e os mails de tantos conhecidos). Procuro sempre não me esquecer de todos os teus conselhos, mas isso por vezes não chega. Olho sempre para traz como que a ver um filme de viagem, não esta mas toda aquela que fiz pela vida, e lá encontro o alimento e o conhecimento necessário para enfrentar os obstáculos que tenho pela frente. É como se tudo fosse um fio condutor que por vezes, se cruza fazendo um nó que não temos que romper mas antes apertar mais, e que permite a chegada de um outro fio para a ligação ser mais longa e segura ou simplesmente abre a hipótese de novos caminhos serem estabelecidos.
Bem deixemo-nos de filosofias (é o que faz estar só), mando beijinhos para todos aí em casa, mais que tudo quero que saibam que está tudo bem pese embora os breves assaltos de solidão. Junto envio algumas das muitas fotos que tenho tirado, embora não seja possível ver já tornei a fazer a barba, por isso não se assustem e acreditem sou mesmo eu…
Antes de terminar queria dar os parabéns à Ana pelo aniversário (não me esqueci, mas no meio da Amazónia não há telefones, e depois não fazia sentido com tanta coisa para dizer e tão pouco tempo); agradecer a encomenda que a mãe mandou para o Rio (ainda estava muito saborosa) e avisar que espero estar na Nova Zelândia daqui a três meses (mais semana, menos semana) e ficarei por lá um mesito, portanto: mãe não te coíbas de mandar outro.
Bem, agora é de vez, um grande abraço e um beijo cheio de contradição por querer estar aí, mas estar tão bem por aqui estar.
João
Luís Fernando
25 de janeiro de 2006
E se...
Agora vai anoitecer.
A noite segue-se ao dia.
Durante o primeiro período, devemos dormir. Desse modo, recuperarermos força para o trabalho. É isso que devemos fazer durante o dia.
Há pessoas que não trabalham, ou porque são muito novos, devendo, por isso estar no período de formação, ou porque já são velhos, tendo já trabalhado. Mas, regra geral, todos trabalham.
A maior parte dos que trabalham fá-lo exactamente durante o dia, embora haja profissões em que se trabalha durante a noite.
O trabalho fortalece o Homem.
E se o pano cair e nos perdermos.
E se refutar tudo o que disses num qualquer trajecto alternativo.
Afastar-me-ei ou ficarei mais próximo?
E o peso de ter traído, suportá-lo-ei?
E se cair e repetidamente protestar um grande NÃO até ao fundo, onde o eco já não se reproduzir e me afastar excruciante do quadro e do giz?
E se ficar inexorávelmente na excruciante dúvida até sentir o desespero do vão? Ou não o sentirei?
E se o meu traço se prender ao desenhado?
E se...
A noite chegou, devo-me preparar para dormir...
17 de janeiro de 2006
Ti, ti, ti. Gosto mais de ti!

Vá lá não me deixes para último. Pronto, não sei jogar bem à bola, mas, para último... Fico sempre eu e o outro. Mas o Manel é um caixa de óculos, é natural que ninguém o queira. Até para bem dele. Se uma bola apanha aqueles óculos desprevenidos... A mãe não vai gostar. É coisa para custar caro. Mesmo assim, não gostava de ter uns óculos.
Uma vez a Professora disse-me que eu via mal e devia ir ao oftalmologista. Calei-me. A minha mãe não era tão atenta para perceber que a distancia do televisor se aproximava à medida que se afastava aquele dia.
A Ana era minha amiga e deixou-me sempre copiar a lição por ela. Como tinha a letra bonita... Nunca gostei da palavra caligrafia, associo-a a um tempo de Senhor Farmacêutico, Senhor Prior ou, pior, Senhor Professor Oliveira Salazar. A Ana usava muitas cores. Também não gosto de cores. Mas ela era bonita, ainda assim.
Ao perto tudo é mais fácil porque se dissipam os erros e vemos melhor.
Hoje vejo-te melhor, mas ainda me importo quando me deixas para último.
hf
17. Jan.2005
Biblioteca do HGSA
7 de janeiro de 2006
Notas de um Presidente de Administração
inexperientes.
perdidos.
temerosos.
"Duas ideias a transmitir: case mix e que estamos perante um hospital que tem 503 computadores (ou terminais de computadores, como eloquentemente distinguia) e 304 camas."
Podia ser este o garatujo defronte de tão bem falante doutor. Uma questão pertinente: o que é o case mix? Nem ele saberá, embora todo o seu léxico desaguasse amiúde no case mix. Talvez tenhamos que mudar o nosso palavreado...
Quanto às camas e computadores.... não sei mesmo... acho só curioso... Sinais dos tempos que correm; onde os computadores são mais referenciados do que a capacidade hospitalar... doentes ou doenças... ou mesmo as inquietudes nas vidas de quem dormita em camas hospitalares. Provavelmente tal facto melhora o case mix... Quem sabe?
bom ano .... ;) s.chacim
2 de janeiro de 2006
E quero que tudo corra muito bem!
E que tudo corra muito bem! Ela disse-o bem sentido. Ele sentiu-o bem perto. Há muito que esperava o tudo que agora lhe parecia bem pouco.