Não quis partir o momento, Paulo ecoou as mesmas palavras que se esvaziaram na boca de Ana. O tempo estava prestes a passar e ele sabia bem que as palavras depressam iriam deixar de ter sentido. Repetiu ainda assim as saudades que tinha, falou muito das que não tinha e das que deixaria de ter. Repetiu um sentimento forte, um do qual já começava a esquecer-se e que se apagaria quando Ana reencontrasse o amor de sempre. Foi redondamente oco, quando o telefone ouviu planos para o regresso, como se ainda houvesse lugar para os dois.
Ouviu ao longe o bater de um relógio de parede, que, ainda que velho e trópego, demarcava este momento: 11 horas e Paulo avançou.
hf
(lourdes de castro, auto-retrato)
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