Numa noite fria, o inverno aleija os calos e devolve-nos a idade.
Andar cansa e dói e recordamo-nos de outros tempos em que o roxo do frio não nos intimidava. Agora, nada apetece, e já nos esquecemos por que devemos caminhar.
O Paulo, a Rita, a Maria, a Joana, a Teresa, o frio de quem já não nos aquece.
Hoje a casa é grande, e vivo só.
***
Se a minha alma mirrar, como a minha cara, não me deixes cair, mas solta-me. Solta-me como se soltam as aves para um mundo lindo e cheio de cor, porque só a ele pertencem, e deixa-me ir. Por mais mirrada que esteja, lá encontrarei um caminho diferente do da gravidade.
Marlene Dumas
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