Ficarão os registos de palavras, de imagens e de sons gravados nos memórias dos estão vivos e gravados porventura num qualquer suporte físico, se essa sorte lhes aprouver. Ficarão as pessoas, que podem ou não consultar esses registos e reavivar as histórias.
De uma vida de memórias, pode ficar pouco ou quase nada. Há velhos que morrerão no alto da serra sem deixaram um único registo, ou uma alma que se lembre deles. Mas, pode ficar mais, muito mais, como ficou de tantos que nos enchem a história. E, à medida que se avança no mundos dos gigas e dos terras na palma da mão, ficarão ainda muitos mais registos, muitos mais, de tal modo que podem ultrapassar o limite de armazenamento da memória humana.
Mas a vida das histórias está na vida. Os registos só regressarão a uma qualquer forma de vida, quando encontrarem corpos sequiosos por saberem as histórias que aqueles registos albergam. Há caixinhas de lata com umas quantas fotografias que nunca vislumbrarão a luz de nenhum olhos. Há diários que nunca serão abertos, que morrerão com o expirar do papel. Há gigas e bytes que se vão dissipar até serem eliminados pelo tempo ou por um servidor. Há livros que vão ser guardados e abertos só passados muitos anos, num tempo em que já ninguém sabe quem foi o autor. Nem todos poderão ter a alegria de marcar a história do seu tempo, e mover homens e mulheres em busca de uma página da nossa história muito depois da sua morte. No entanto, alguns, mesmo que não marcando a história, podem deixar quem os fará viver depois da sua morte. Talvez isso seja mais certo no caso de descendentes, para quem os tenha, mas haverá também amigos, conhecidos e outros que se lembrarão de alguma parte dos que já se foram.
Ora dito isto, o que fazer de tudo o que se vai com este esquecimento? Talvez seja aqui que começa o tal viver no momento.