E, quando menos esperava,
acordei e senti-me quase morta.
Morta.
Morta nos dias que se somaram em anos,
nos anos que desfizeram os dias.
Acordar assim arremessa-nos para o vazio de uma sujidade imensa,
em que os relógios nos atormentam e os calendários marcam fins de histórias não começadas,
em que o grito se sente sem eco,
em que nada vale a pena.
Mas,
depois vieram outros acordares,
e até um pulsar tão forte que me fez sentir ter coração.
Quando finalmente morri,
deixei de sentir.
A sujidade,
essa ficou sempre a mesma.